quarta-feira, maio 31, 2006

Li a Veja essa semana sobre mulheres. E a sensação que eu tenho está lá, escrita. Achei que talvez fosse uma opinião minha, mas pelo visto não é. Os homens gostam mesmo de mulheres que possam ficar em casa, cuidar deles e assumir papel de esposa.
Há algum tempo eu venho reparando que a minha opção profissional assusta as pessoas. Escolhi uma área da medicina super difícil, que tem emergência, tem que acordar de madrugada e fins de semana pra ver doentes, tem que chegar tarde em casa, tem que se dedicar muito. Além disso é uma área nova, que dá grana, e ainda é dominada por homens. Escolhi minha carreira em primeiro lugar. Além de ser apaixonada pelo que eu escolhi, eu acredito que eu vou ser boa profissional. Também está nos meus planos ser independente. Obvio que daqui a muitos anos, mas acho que vai acontecer.
Ou seja, ser esposa, dona de casa, ser mãe, essas coisas não fazem parte dos meus planos. Eu trabalho com radiação, e para ter um filho a opção seria parar de trabalhar um ano. O que seria quase impossível. Não que eu nunca vá ter um filho. Mas como não vai ser num futuro razoavel, eu resolvi passar por cima disso.
Eu penso, eu estudo, eu malho, eu me cuido, eu toco a minha vida. E so far, tudo anda indo muito bem. Tirando relacionamentos pessoais. Parece que toda vez que eu conheço alguém legal, as pessoas somem. E está difícil entender exatamente porque. Uma das minhas teorias é essa, de que os homens no fundo tem essa necessidade biológica de ter alguém que assuma o papel esposa. E quando eu apareço, tão independente, isso se torna anti-natural.
E ao mesmo tempo que fico chateada com isso, não estou a fim de abrir mão de ter uma carreira, de trabalhar com o que eu me apaixonei. Ando meio perdida...

sábado, maio 27, 2006

tentando ser eu.

Eu sou uma pessoa de extremos. Tá aí. Confesso. Eu gosto dos sentimentos extremos. Muita tristeza, muita alegria. A intensidade que me faz viva. Mas ultimamente eu tenho tido dificuldades de conciliar minha vidinha nessas minhas exigências de extremos. Esse negócio de virar médica e ganhar um CRM, tá dando muito trabalho (Será que eu posso devolver esse tal desse CRM?!). Agora até o porteiro vem me perguntar se os remédios que ele tá tomando pra pressão estão certos. Não dá mais pra chegar as 8 da manhã em casa com cara de maluca e cruzar com os amigos dos meus pais no elevador. Não dá mais um monte de coisas. E de alguma forma, os extremos estão mais raros. Daí me encontro eu, nesse tédio contínuo. E isso tem sido cada vez mais recorrente, e eu não sei mais como resolver. Eu AMO o que eu faço, mas eu também amo não ser careta. E mal ou bem, nós médicos (tá, já estou me incluindo na classe) temos imagens. A minha área é de casos muito graves. E tem que ter muita confiança dos pacientes, logo caímos no dilema.
Mas eu comecei esse post para falar de outra coisa. Meus assuntos são sempre recorrentes. Não sei exatamente se o tom que eu uso também é, mas espero que exista alguma evolução. A idéia era falar da minha sensibilidade. Vira e mexe, eu me esburracho, quebro a cara mas descobri que eu consigo continuar tão sensível e tão delicada quanto sempre. E isso foi uma alegre surpresa. Essa manhã. Tive um momento em que caiu a ficha. Se tem uma coisa que me faz muito eu, é a minha sensibilidade. E eu tive um momento crise em que eu achei que perdendo uma parte da minha ingenuidade eu seria incapaz de me manter tão sensível. Mas descobri que nada mudou. E eu continuo sendo ligeiramente over, nas lágrimas e nos risos.